Tão de repente vem-me o tal sossego,
A paz muda que só os mortos sentem.
Ah! Exílio! E o que esta solidão detém
E eu, em mi'a liberdade, até abnego!
Sonhos, eu os invento e até os lego!
Porém esses martírios que me investem,
São sobras de mim, versos que me mentem
E, deste meu sentir, deixam-me cego.
Mesmo em meio a tamanha vil tortura
Que tu, poema, sem lira, sem candura,
Sem querer-me tal bardo aos versos teus,
E haurindo-me as raízes adubadas
Dos douros verbos, digo-te fadada:
Jamais saberei te dizer adeus!
(Sonya Azevedo)