"E, nos murmúrios do vento, vão-se os meus silêncios"" (Sonya Azevedo)

 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Soneto da Despedida



Tão de repente vem-me o tal sossego,
A paz muda que só os mortos sentem.
Ah! Exílio! E o que esta solidão detém
E eu, em mi'a liberdade, até abnego!

Sonhos, eu os invento e até os lego!
Porém esses martírios que me investem,
São sobras de mim, versos que me mentem
E, deste meu sentir, deixam-me cego.

Mesmo em meio a tamanha vil tortura
Que tu, poema, sem lira, sem candura,
Sem querer-me tal bardo aos versos teus,

E haurindo-me as raízes adubadas
Dos douros verbos, digo-te fadada:
Jamais saberei te dizer adeus!

(Sonya Azevedo)

My Visitors