"E, nos murmúrios do vento, vão-se os meus silêncios"" (Sonya Azevedo)

 

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Silêncio da Alma


 Silêncio da Alma

No mais estranho abismo que me invade
A alma, ouço a voz do tempo a se extinguir.
Na imensidão sem fim da eternidade,
É onde a quimera deixa de existir.

Amplo é o breu, mas brilha a claridade.
O tempo segue. Já não há revir.
É vida em suspensão, toda a verdade 
Que se revela ao centro do existir.

Na alma, não há início nem final.
Não há dor, som ou forma de esperança.
Somente o respirar original.

Assim, desnuda de qualquer lembrança,
Vejo-me tal primeira vez, real;
No âmago onde o silêncio se balança.

Sonya Azevedo

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Outono em Despedida


Outono em Despedida

Em tom cinzento e um leve e triste aceno,
Despede-se a estação do chão dourado,
Co' uma garoa fina e seu chiado,
Em harmonia co' o cantar sereno

Do ventar. E, o infinito, em tom ameno,
Apressa-se a beijar o acinzentado
Mar que, com seus cabelos ondulados,
Deita-se sobre os cristais escalenos.

E eu, na visão bendita desse adeus,
Senti na dor o brilho da alvorada,
Como se a noite abrisse os olhos meus....

Vendo a estação partir e enamorada
Co' a calma do silêncio, ouvi-me em Deus,
Na paz da despedida mais sagrada.

Sonya Azevedo 

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Atrevimento


Atrevimento

A minha saudade tem pressa!
Tem pressa desses beijos teus,
Dos tantos sonhos meus, ateus,
E da libido que se apressa!

A minha saudade tem pressa
Desse desdobrar dos meus eus,
Do canto mágico de Orfeu
Cujos elãs ele me acessa.

Então para ti eu me descrevo
E em tua presença me atrevo
A amar-te tal qual um refém;

Saciar-te em todos desejos,
Com as mãos, com o corpo e beijos,
E o mais que essa paixão contém!

® Sonya Azevedo