"E, nos murmúrios do vento, vão-se os meus silêncios"" (Sonya Azevedo)

 

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Perdidas gaivotas


Barqueiro, só tu que não te decides
Se queres ser da vida ou da morte.
Levas sonhos, todo tipo de sorte,
Mas pelo amor tu não te decides.

Ao ver tuas velas singrarem sem rumo,
Pensara ser as perdidas gaivotas
Que se vão ao infinito sem rota.
Assim fora o meu pensar, eu presumo.

Vais a esmo num céu de vendaval,
Sem eira nem beira, sem nem saber
O que tanto buscar, tanto querer...
Vagas sem esperança, sem ideal.

Mas, nalgum cais desse imenso oceano,
Alguém te aguarda pleno de ternura,
De amor e findará esta aventura
Somando ao tempo, a calmaria, em anos.

E, assim, ao aportar teu coração
No cais sagrado de um grande amor,
Saberás não haver navegar em vão
Nem nada mais a te causar temor.

(Sonya Azevedo)

sexta-feira, 12 de agosto de 2016

No meio do nada - Feliz dia dos Pais


Sinos badalam em longínqua torre
De uma capela no meio do nada
Onde o tempo, cansado, faz parada
E o cervo trôpego, da sombra, corre...

Lá onde os verdes são de vários tons,
Onde estações são bem definidas,
Onde a chuva deixa as rochas brunidas
E a bicharada faz-se em guarda aos sons...

Lá onde o mais próximo é distante,
Onde só os pássaros sabem do pranto
E silenciam, em respeito, o seu canto,
A solidão é dor itinerante.

Lá, no meio do nada, acende-se u'a vela
Quando, a lua se perfuma a deitar,
Ao sol inda há devaneios a sonhar,
E, a Aurora vem a apagar as estrelas...

Cedo, tão cedo, e o homem já está de pé.
Na imensidão silenciosa do nada,
Ele e Deus, e a solidão sanada,
Dão-se as mãos em exato ato de fé.

(Sonya Azevedo)

A minha homenagem pelo dia dos pais ao 
maior de todos os pais:
O Pai Eterno.
Luz e paz.

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Sabor de Saudade



Ao vir soprar as folhas de outono,
O vento me traz a doce saudade
Dos teus beijos, sabor que eu relaciono
Com frutas vermelhas, suas variedades.

Então corro a degustar u'a cereja,
Suave maciez tal teus lábios carmim...
Ouço sinos badalarem na igreja
Perfumando o ar com o olor de alecrim.

E ao acender a estrela vespertina,
Quando se cala o vozeio da passarada,
Hora maior que a saudade atina,
Ouço no silêncio tua voz adorada.

O teu cheiro de champanhe e morango
Caminha comigo por toda a casa,
Faz-me querer dançar o último tango,
Reter teu calor nesse peito que abrasa.

O relógio toca as horas que passam;
Vem então a certeza da tua ausência
Nesses versos tantos que ora se lassam
E tiram do meu canto, sua cadência.

Quieto-me, então, a escrever-te u'a poesia
Descrevendo essa imensa saudade
Que vagueia em meus sonhos pelos dias
Em que te busco e a tal... felicidade. 

(Sonya Azevedo)
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