"E, nos murmúrios do vento, vão-se os meus silêncios"" (Sonya Azevedo)

 

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Exótica


Exótica, és tu, ah! flor da savana!
Tens nessa pele o sumo da terra.
As cores que te fazem soberana
E a que te pintas para ir à guerra,
Trazes à face.
 
Cabelos com cachos tal lírio-tocha,
Tens, da noite, a cor de sua negritude.
Teus olhos cor de mel, levam a tocha
Da esperança, da jovem inquietude
Ante à morte.
 
Bordas co' o vento, as dunas do deserto!
Reinas imperiosa pelas matas,
Pelos mares e rios, a céu aberto,
Nas cadentes que caem em cascatas
Por teus sonhos.
 
Os teus ouros? São os magníficos poentes!
Teus brilhantes? São os pingos do céu!
Teus planaltos? Ah! e quão imponentes
Eles são! Assim, tuas curvas, teu céu
Descoberto.
 
Encanta-me essa beleza primitiva,
Essa guerreira, as tantas divindades,
A águia que és, que me faz contemplativa,
Que enche este peito de tanta saudade...
Exótica África!

(Sonya Azevedo)


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