Exótica, és tu, ah! flor da
savana!
Tens nessa pele o sumo da
terra.
As cores que te fazem
soberana
E a que te pintas para ir à
guerra,
Trazes à face.
Cabelos com cachos tal
lírio-tocha,
Tens, da noite, a cor de sua
negritude.
Teus olhos cor de mel, levam a
tocha
Da esperança, da jovem
inquietude
Ante à morte.
Bordas co' o vento, as dunas do
deserto!
Reinas imperiosa pelas
matas,
Pelos mares e rios, a céu
aberto,
Nas cadentes que caem em
cascatas
Por teus sonhos.
Os teus ouros? São os magníficos
poentes!
Teus brilhantes? São os pingos do
céu!
Teus planaltos? Ah! e quão
imponentes
Eles são! Assim, tuas curvas, teu
céu
Descoberto.
Encanta-me essa beleza
primitiva,
Essa guerreira, as tantas
divindades,
A águia que és, que me
faz contemplativa,
Que enche este peito de tanta
saudade...
Exótica África!
(Sonya Azevedo)