"E, nos murmúrios do vento, vão-se os meus silêncios"" (Sonya Azevedo)

 

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Minha Poesia



Vens-me tão minha, tão sem permissão,
Deitar-te nos meus alvos e macios
Cetins. Tão pura... trazes-me a paz, o ócio,
Deixas-me teus vestígios na mi'a mão.

No alvor da minhas laudas, os teus cílios,
Negros cílios que riscam mi'a visão 
Largando versos neste coração.
Este coração já tão arredio!

Na mescla das palavras, és tão ágil,
Deixas-me entorpecida, em estesia...
Assexuada, virgem, calma e terna,

Retiras do meu peito o que há de dócil,
Porque tu, mi'a ternura de poesia,
Em mim, já te fizestes... ó! Eterna!

(Sonya Azevedo)





Aconchego



Ah! Nessa palidez crepuscular
Invade-me a tristeza, hora canônica
Para o refolho d'alma, dor tão crônica
Da saudade que teima por ficar.

Na brisa de asas postas a voar
Desfolho mi'as lembranças nessa harmônica,
Notas da baixa-mar, paz oceânica,
Misto de trégua ao pranto deste olhar.

Vejo-as seguir em prece tão ritmada
Da Ave Maria, em flap para seu pouso
Aos ninhos, aconchego de repouso.

A solidão se deita em parapeito
Trazendo o negro véu a este meu peito
Ardendo, este querer, por minha amada.  

(Sonya Azevedo) 

Rosa


Rosa

O sol assopra a nuvem acanhada...
Vejo luzir botões de mil tons  rubro,
Seda escarlate. Tal vinho descubro
Teu olor suave e o tanto que me agrada.

A ave atrevida traz-me a ciumada
Co'o seu trinar e ao canto me lucubro.
A água do mar decanta-se ao delubro
De encantos que trará pra minha amada.

A lua fará da noite o encantamento.
No cantar das estrelas, o elixir
Que traduz o teu puro sentimento.

No raiar do dia a ave se avizinha
Encantada com o teu existir
E eu, na certeza de que tu és minha!

Sonya Azevedo

Créditos
Arte e formatação: ® by Sony
Tube: ® by Sony, Allies
No tuto 

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Versos Mudos


Murmura-me o vento
O doce sussurro 
Desta saudade
Que se desabrocha em flor.

É quando o tempo para!
Para a escutar 
A terna música
Que se desfolha 
Em ritmo 
Nostálgico.

E os meus braços
Perdem-se
Nos prados
Dos tantos sonhos,
Do afeto dos teus abraços!

E os meus lábios
Buscam pelos teus!
Ah! Lábios 
Que se perderam
Na curva das estrelas
Onde ficaram os meus versos.

Versos mudos 
De algum poema
Vivo nas muitas palavras
Mas afogado no meu pranto
Que o tempo não secou.

(Sonya Azevedo)

Soneto da Despedida



Tão de repente vem-me o tal sossego,
A paz muda que só os mortos sentem.
Ah! Exílio! E o que esta solidão detém
E eu, em mi'a liberdade, até abnego!

Sonhos, eu os invento e até os lego!
Porém esses martírios que me investem,
São sobras de mim, versos que me mentem
E, deste meu sentir, deixam-me cego.

Mesmo em meio a tamanha vil tortura
Que tu, poema, sem lira, sem candura,
Sem querer-me tal bardo aos versos teus,

E haurindo-me as raízes adubadas
Dos douros verbos, digo-te fadada:
Jamais saberei te dizer adeus!

(Sonya Azevedo)

Teu Canto


Teu Canto 

O teu canto tem sabor!
Sabor de desdobrar de asas
Que te fazem livre.

O teu canto tem cheiro!
Cheiro de vento
Desnudando o amor.

O teu canto tem olhos
Que buscam na chuva
O pranto da minha alma.

O teu canto escuta
O soar do meu coração
Quando na noite escura
Na dor da saudade,
Busca pelo teu coração

(Sonya Azevedo)

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