A poesia me vem tal pena no ar
Bailando em calma que a brisa requer,
Solta da asa de um pássaro qualquer,
Em raras notas de noite sem luar.
Nos chiares das cigarras, a canção
Do choro do sax que em mi’ alma penetra.
Os versos se fazem no toar das letras,
Movidas p’lo pulsar do coração.
Tal o vaivém das ondas do mar ou
Quem sabe, das estrelas, o piscar,
Ela me diz tudo do verbo amar,
Sem importar onde a solidão parou.
Traz-me os verdes olhos da saudade
Que em rasos d’água banham-se em tristeza.
Fala-me também das tantas belezas
Da vida e do que é felicidade.
Leve, tão leve tal o sentir-se em paz,
Uma rajada de brisa a leva,
Voa lenta para que eu a escreva
E, ao ir-se, deixa uma pluma pra trás.
(Sonya Azevedo)