E por esse tempo que já se vai,
Não houve um grito ou urro sequer,
Mesmo com meu peito a se romper
Por esse pranto mudo que não sai.
Do chão dos gris cascalhos que pisei,
Das flores secas que não perfumam mais,
Dos tristes acasos que o mar leva jamais,
Com os pés rotos, sangrados, não recuei,
Segui avante. E, brava, achem-me os anos,
Destemida e de fronte erguida,
Sabendo-me, sempre, dona da mi'a vida.
Se, porventura, mais enganos houver,
Calarei os gritos sem perder a calma,
Sem largar o leme que conduz a mi'a alma.
(Sonya Azevedo)