Tão longo, tal se fora o último canto
De um cisne triste
frente ao seu morrer,
Vai-se apagando a pira no escorrer
Das cores dissolvidas por um pranto.
Quando se for a derradeira brasa,
Voando descuidada sobre o mar,
Falará o silêncio ao murmurar,
Através das tão quentes ondas rasas.
Vejo o pingado que essa noite traz.
Céu e mar a lutar pelo infinito,
Enquanto um urutau canta bonito
Pelas ramas da mata, o som da paz.
Tudo, tal um milagre, se aquieta.
É a paz que chega pros sonhos cuidar.
Té a lua foi-se cedo a repousar;
Mas, vivo, está, o coração do
poeta.
Sonya Azevedo