Retirante
Ah! Terra craquelada, ressequida!
Arde o céu, queima a mi'a pele, os meus olhos
Queima a esperança que arde nos cascalhos
Assim, também, está mi alma sofrida.
Pés rotos de lembranças doloridas...
Barraco em chão batido, pó, ciscalhos...
Ao cair da tarde, pança oca... engulhos
Ante a sopa, alguns grãos, pedra fervida...
Abutres, unos pássaros que voam
Neste sertão esquecido por Deus,
Onde nem suor há para se beber!
Volto os olhos às terras que nevoam
Da poeira seca; só digo adeus...
Quiçá volto um dia se, assim, Deus quiser!
(Sonya Azevedo)