"E, nos murmúrios do vento, vão-se os meus silêncios"" (Sonya Azevedo)

 

segunda-feira, 23 de junho de 2025

Outono em Despedida


Outono em Despedida

Em tom cinzento e um leve e triste aceno,
Despede-se a estação do chão dourado,
Co' uma garoa fina e seu chiado,
Em harmonia co' o cantar sereno

Do ventar. E, o infinito, em tom ameno,
Apressa-se a beijar o acinzentado
Mar que, com seus cabelos ondulados,
Deita-se sobre os cristais escalenos.

E eu, na visão bendita desse adeus,
Senti na dor o brilho da alvorada,
Como se a noite abrisse os olhos meus....

Vendo a estação partir e enamorada
Co' a calma do silêncio, ouvi-me em Deus,
Na paz da despedida mais sagrada.

Sonya Azevedo 

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Atrevimento


Atrevimento

A minha saudade tem pressa!
Tem pressa desses beijos teus,
Dos tantos sonhos meus, ateus,
E da libido que se apressa!

A minha saudade tem pressa
Desse desdobrar dos meus eus,
Do canto mágico de Orfeu
Cujos elãs ele me acessa.

Então para ti eu me descrevo
E em tua presença me atrevo
A amar-te tal qual um refém;

Saciar-te em todos desejos,
Com as mãos, com o corpo e beijos,
E o mais que essa paixão contém!

® Sonya Azevedo

terça-feira, 10 de junho de 2025

Você


Você

Ah! Pergunto-lhe então: - Quem é você?
Você que me chegou todo fascínio
Tratando as minhas mágoas com o mínio,
Trazendo ao coração, o enternecer!

Todos os risos, fez-me merecer.
E das constelações, deu-me o domínio:
Na mente me aclarou o raciocínio;
E os meus sonhos? Os fez acontecer!

Diz-me quem é você que quer o vento
Levar deste meu pensamento,
Posto que não se faz mais conhecer?

Mas, afinal, me diz: quem é você?
Você que o tempo teima em apagar...
Você... que traz saudade em seu lugar!

Sonya Azevedo

segunda-feira, 9 de junho de 2025

Joia Rara


Joia Rara

Tu me vens como sinos nas espumas
Dos dobrares contínuos das mil ondas,
Joia rara que até a vida ronda
Na levidão dos ais, das verdes plumas.

Nos caíres da vida, tu me aprumas!
Questões? Tu pedes ao céu que responda!
Vens tão límpido e nada há que me escondas
E, ao evidente, sempre me acostumas.

Vem, traz-me o serenar da preamar,
Onde tudo se acalma ao verbo amar
E o ocaso aviva o fogo da paixão.

Assim, de sol a sol, té de luar
Permite ao tempo te perpetuar,
Nas livres asas do meu coração.

Sonya Azevedo