Ventania
O vento buliçoso despenteia
A cabeleira de ouro que encobria
A cabeleira de ouro que encobria
A relva já queimada em noite fria,
Desnuda a rama e assim a desnorteia
E das aves, desfaz seu ninho. A teia
Sem suas tramas, cai na mais sombria
Beira de um rio donde se resfria
Um sapo e vendo a presa a defunteia.
E segue o vento o curso desse rio
Brincando pelas águas feitas crespas
E, atento, segue o zuzunar das vespas
Que vão se alimentar longe do rio,
Levando-o pros telhados da cidade,
De onde ele varre as poeiras da saudade.
Sonya Azevedo