"E, nos murmúrios do vento, vão-se os meus silêncios"" (Sonya Azevedo)

 

terça-feira, 13 de maio de 2025

Ventania

Ventania

O vento buliçoso despenteia
A cabeleira de ouro que encobria
A relva já queimada em noite fria,
Desnuda a rama e assim a desnorteia

E das aves, desfaz seu ninho. A teia
Sem suas tramas, cai na mais sombria
Beira de um rio donde se resfria
Um sapo e vendo a presa a defunteia.

E segue o vento o curso desse rio
Brincando pelas águas feitas crespas
E, atento, segue o zuzunar das vespas

Que vão se alimentar longe do rio,
Levando-o pros telhados da cidade,
De onde ele varre as poeiras da saudade.

Sonya Azevedo
 

sexta-feira, 2 de maio de 2025

Néctar da Paixão


Néctar da Paixão

Perdão por esse amor tão repentino
Que me chegou assim, sem dar aviso,
Como se fosse um canto de improviso
Ou essa ousada mão deste destino.

Perdão por desnudar-me em desatino,
Pela paixão, quimeras que eu diviso,
Pelo amor infinito e impreciso
E por todo um viver que eu descortino,

Nos vários tons lavados da alvorada.
E me sentindo um pássaro voraz,
Vou-me ao teu ninho e ao tudo que me apraz.

Perco-me em tuas ondas com desejo,
Quebro-me em tua boca tão amada
E bebo deste néctar que é teu beijo.

Sonya Azevedo