"E, nos murmúrios do vento, vão-se os meus silêncios"" (Sonya Azevedo)

 

domingo, 23 de outubro de 2016

Andorinha Desgarrada


Já fui andorinha desgarrada
Solitária na imensidão do nada...

Já fui estrela cadente
Que se lança consciente
A um sonho,
Único talvez,
A descobrir depois
Que, em verdade,
Perdeu a vez,
Perdeu outros
Que o tempo não refez.

Já fui rio
Deslizando suave
A percorrer caminhos...
Já fui corredeiras
De pressa inconsciente
Levando beiras
A navegar
Por rumos diferentes.

Já fui bambu
Vergando para os lados
Sem, contudo, perder
O prumo, o equilíbrio,
Em meio aos vendavais.

E quando bambu
Pude sentir
Quão forte eram as mi'as raízes
E quão ereto
Ascendia-me em haste
Em busca do infinito.

Então vi as cadentes
Destrançando seus cabelos
Fazendo-me timoneiro
Nesse rumo de cristal
Onde o Porto é único,
Onde a Paz
É tão somente
Os braços de Deus!

(Sonya Azevedo)

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