Já fui andorinha desgarrada
Solitária na imensidão do
nada...
Já fui estrela cadente
Que se lança consciente
A um sonho,
Único talvez,
A descobrir depois
Que, em verdade,
Perdeu a vez,
Perdeu outros
Que o tempo não refez.
Já fui rio
Deslizando suave
A percorrer caminhos...
Já fui corredeiras
De pressa inconsciente
Levando beiras
A navegar
Por rumos diferentes.
Já fui bambu
Vergando para os lados
Sem, contudo, perder
O prumo, o equilíbrio,
Em meio aos vendavais.
E quando bambu
Pude sentir
Quão forte eram as mi'as
raízes
E quão ereto
Ascendia-me em haste
Em busca do infinito.
Então vi as cadentes
Destrançando seus cabelos
Fazendo-me timoneiro
Nesse rumo de cristal
Onde o Porto é único,
Onde a Paz
É tão somente
Os braços de Deus!