Esse belo pássaro que me espia
Pela janela, o tempo, se diz ser.
Mas se aquieta como se, esquecer,
De si mesmo, quisesse. Então, adia
O seu voo, em parco intervalo
De segundos, que lhe parece ser
A eternidade. Isso, até ele, quer ter.
Nada nesse átimo sofre algum abalo.
Tudo para; só o silêncio se faz.
O vento, por respeito, se emudece...
Não sopra, não assovia, só se enternece
Co' o pássaro e a nostalgia que ele traz.
E, bem fundo, penetro, em seu olhar...
Sinto que ele também já não quer voar,
Só quer uma sacada para descansar,
Deixar correr o rio rumo ao mar,
Do violão ouvir u'a canção de ninar.
(Sonya Azevedo)