"E, nos murmúrios do vento, vão-se os meus silêncios"" (Sonya Azevedo)

 

domingo, 26 de outubro de 2025

Impermanências



Ó, coração, se em tempo tu soubesses
A grande falta que de mim eu sinto,
Tu me despertarias com um tilinto
De uma ave, cuja vida amadurece.

Coração, o espelho não me reconhece!
Mi' a face tem estigmas bem distintos,
Enquanto, na parede, a tela eu pinto,
Posto que a cor da aurora, ora empalece.

E a flor que outrora em viço se fazia,
Murcha com o tempo em vã melancolia,
Nos rastros que ficaram na memória.

E, ora, sou sombra do que fui um dia,
Eco de mim que o tempo desafia,
No fumo que anuvia a mi' a história.

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