A Flor dos Sonhos
Ó flor, que deixas grãos pelo caminho,
Na esperança de um dia florescer
Neste meu seio, em sombras a sofrer,
Sem braços, sem calor, sem um carinho.
Hoje há saudade, dor e desalinho,
Noite vazia, um cerne a esmorecer,
Chorando a ausência que insiste em doer,
No silêncio dos versos que eu escrevinho.
Ó flor, que à névoa agora te misturas,
E queres do lembrar, todo o apagar,
Arranca, pois, do seio mi' as agruras.
Co' a brisa foi-se parte de um sonhar;
Mas nova raiz brota e me assegura:
Outro tempo, outra flor a germinar.
Sonya Azevedo