"E, nos murmúrios do vento, vão-se os meus silêncios"" (Sonya Azevedo)

 

domingo, 27 de julho de 2025

A Flor dos Sonhos


A Flor dos Sonhos

Ó flor, que deixas grãos pelo caminho,
Na esperança de um dia florescer
Neste meu seio, em sombras a sofrer,
Sem braços, sem calor, sem um carinho.

Hoje há saudade, dor e desalinho,
Noite vazia, um cerne a esmorecer,
Chorando a ausência que insiste em doer,
No silêncio dos versos que eu escrevinho.

Ó flor, que à névoa agora te misturas,
E queres do lembrar, todo o apagar,
Arranca, pois, do seio mi' as agruras.

Co' a brisa foi-se parte de um sonhar;
Mas nova raiz brota e me assegura:
Outro tempo, outra flor a germinar.

Sonya Azevedo

domingo, 20 de julho de 2025

À ti, meu Amigo!


 A ti, Meu Amigo

Tu me vens, em silêncio, co' as aragens
E, ao meu lado, tu tomas um assento.
Olhas-me a ler o meu vão pensamento
E as aflições que levo nas bagagens.

Sinalizas, da vida, as mil mensagens
Que vemos no raiar do firmamento.
Doas-me teu calor, aquecimento 
Pra alma e falas-me o amor, suas linguagens.

Mãos atadas, abraços, emoção!
É esperança vinda co' o devir
Por teus nobres conselhos, meu amigo.

E na mudez, só se ouve um coração;
É mágica a cadência de um sentir
Que, em canção, faz do amor, o eterno abrigo.

quinta-feira, 10 de julho de 2025

Infidelidade


Infidelidade

Ferida que ora se abre neste seio,
Sangra uma dor. Ah! Dor de traição
Que faz jazer o pobre coração
Que, sem pulso ou calor, vive em anseio.

A esperança desfaz-se em sonho alheio;
O que ontem era esteio, ora é ilusão;
O que era riso, já não faz canção
E o elã pelo amanhã, só traz nauseio.

Hoje o fel é amargo, traz lembranças.... 
Doce sonho que em pranto se desfaz,
É verbo que no peito crava a lança.

Ó dor, que ecoa a solidão e traz
Mudez pro amor carente de aliança
Que agora finda tudo o que era paz!

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Silêncio da Alma


 Silêncio da Alma

No mais estranho abismo que me invade
A alma, ouço a voz do tempo a se extinguir.
Na imensidão sem fim da eternidade,
É onde a quimera deixa de existir.

Amplo é o breu, mas brilha a claridade.
O tempo segue. Já não há revir.
É vida em suspensão, toda a verdade 
Que se revela ao centro do existir.

Na alma, não há início nem final.
Não há dor, som ou forma de esperança.
Somente o respirar original.

Assim, desnuda de qualquer lembrança,
Vejo-me tal primeira vez, real;
No âmago onde o silêncio se balança.

Sonya Azevedo