No tardio apagar da prataria
Em sonhos que inda estão a navegar
Tu me vens co 'o teu plácido ondear
Tal um artista a pincelar o dia.
E fazes do meu corpo esta tua arte,
Banha-me a doce tez co' o sal do amor.
Por toda a tela manuseias cor,
E ao marulho, que faça a sua parte.
Ao meu esboço, vais criando vida
Injetando-me o mais puro sentir
E fazendo-me, assim, bem atrevida!
No alisar-me co' as sedas do pincel
Trazes-me as maravilhas do porvir,
E, por tuas mãos, levas-me ao meu céu!
Sonya Azevedo
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