Assim, numa relva branca de poema,
Eu pastoreio as mágicas palavras,
Enquanto minhas mãos, a lira, lavra,
Nesse alto campo, um sonho em alfazema.
Tento ver verdes folhas no grafema
Que, úmido pela relva, se azinhavra...
Preso ao tronco, floreia tal palavra
Que o vento carrega, presa num poema.
Tal uma revoada de andorinhas,
Deixam o campo, até as verdes vinhas,
Nublam os sonhos, vão-se ao azul-mar.
Mas, em seu tempo irão querer tornar
E, ao poeta, palavras vão falar
Que em canção as fará pras pastorinhas.
Sonya Azevedo