Ah! Pudesse eu, ao menos, colher
Dos sonhos a admirável terna flor
Que brota em canto escuro, tão sem cor,
Mas, que em seu fulgor, faz-me lha querer.
Só temo que ela venha a padecer
Minguando o fino talo e sem amor,
Deixando em meu peito estranha dor,
Tão grande dor que eu só quero esquecer.
Esse mar que há em mim, sai por meus olhos,
Vem doutra flor, a flor d'água que encobre
As dores, cria dos meus tristes restolhos.
Quisera eu acolher em alvos folhos,
De todas essas flores, a mais nobre:
A flor do amor que dista dos meus olhos.
Sonya Azevedo