"E, nos murmúrios do vento, vão-se os meus silêncios"" (Sonya Azevedo)

 

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Terra Verde Carmim



O carmesim que tinta
O chão ferido
deste verde,
É mácula
Que lacera a
Ferida dos dias....

São tempos parados
Não vividos
De gritos escondidos
Na beira dos rios.

São olhos de peixe
Apodrecidos
Na lama
Da algazarra
Do planalto
Que lambe
O dulçor da perdição.

São versos proibidos
No silêncio
Das ramas
Dos gorjeios das aves.

São asas podadas
Do vento
Que secam 
Esperanças
Com o sal do pranto!

domingo, 26 de outubro de 2025

Impermanências



Ó, coração, se em tempo tu soubesses
A grande falta que de mim eu sinto,
Tu me despertarias com um tilinto
De uma ave, cuja vida amadurece.

Coração, o espelho não me reconhece!
Mi' a face tem estigmas bem distintos,
Enquanto, na parede, a tela eu pinto,
Posto que a cor da aurora, ora empalece.

E a flor que outrora em viço se fazia,
Murcha com o tempo em vã melancolia,
Nos rastros que ficaram na memória.

E, ora, sou sombra do que fui um dia,
Eco de mim que o tempo desafia,
No fumo que anuvia a mi' a história.

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Na Beira do Silêncio



Sentei-me no beiral do amanhecer
E o sol veio aquecer meu coração.
E nas espumas desta minha ilusão,
Sentei-me à beira desse anoitecer.

Vi estrela cantar à gratidão 
A ária que me fez abrandecer.
Já no rio, seu rumor quis conhecer,
Os versos do silêncio, mi'a canção.

Sentei-me, então, na beira de mim mesmo.
Na trilha do sem fim, procurei-me a esmo
E, os cacos dessa vida, quis juntar.

Logo me vi tal poeira no universo
E, no silêncio, não achei meu verso.
Encontrei Deus... e todo o Seu amar!