Desenho lavado de bordas de rio
São aquarelas de sonhos
Onde o tempo passa
E, extasiado, para.
O acarneirado brinca
De fazer caretas
De assustar peixinhos
Na calmaria espelhada
Do estuário.
Na virgem transparência do rio
A quietude refletida da paz.
Até a brisa, ondas não faz,
Mas traz sonhos à poesia.
Salpicos de voos rasantes
São letras perdidas,
Soltas penas adejantes
Nas cálidas mãos do poeta.
Lento como a querer
Ter para si instantes derradeiros,
Pranteia o rio todos os seus sais
Salgando para sempre
A imensidão do mar.
(Sonya Azevedo)